Delícias gastronômicas da orla do Rio de Janeiro

"Olha o maaaaaate!". Essa é a frase que mais se ouve nas areias da orla carioca. Não, os cariocas não dividem com os gaúchos o hábito de tomar mate em chimarrão. Mas eles veneram mate gelado, com ou sem limão. E a praia é um dos lugares onde isso é mais facilmente percebido. Estique a sua canga e conte até dez. Aposto que você viu ou ouviu pelo menos uma vez um vendedor de mate gelado.

Mas nem só de mate gelado vive a "gastronomia de areia" (porque nesse caso não dá para dizer "gastronomia de rua", é na areia mesmo!) carioca. O item que mais compete em popularidade na orla do Rio é o biscoito Globo. Não, ele não tem nada a ver com o jornal O Globo nem com a TV Globo. Num saquinho de papel, estes biscoitos de polvilho levíssimos que não pesam no estômago (nem no bolso!) de quem está torrando ao sol. Petisquinho leve e que ajuda a segurar a fome até a hora do almoço. Tem doce e salgado, mas eu só como o salgado.

E a dupla biscoito O Globo + mate gelado é tão dinâmica que o mais comum é ver os ambulantes carregando de um lado um isopor com mate gelado e na outra mão, um saco cheio de biscoitos. É o "arroz com feijão" das praias do Rio.

Biscoito Globo: delícia num saquinho de papel. Foto: Marcelle Ribeiro


A gastronomia praiana do Rio também tem milho cozido, água de coco, sanduíche natural, espetinho de camarão, picolés, sucolés (aqueles sucos congelados em saquinho plástico) mas não estaria completa sem o meu item preferido: empada! Aprendi com os cariocas a amar empadas. No Rio, a paixão por esse salgadinho é tanta que há inúmeras lanchonetes na cidade (em shoppings e nas ruas) que só vendem empadas. Na orla, a minha preferida é a empada Praiana, de queijo e de frango com catupiry. Massa leve e bem amanteigada, essa empada ajuda bem a matar a fome.

Se para você praia é sinônimo de cerveja gelada, no Rio, baixe as suas expectativas. Os ambulantes vendem latinhas e os caras que alugam cadeiras também, mas não dá para beber "com regularidade". É que nem sempre a cerveja do vendedor que passa com o isopor está gelada. E você vai ter que esperar um ambulante passar até matar a sua sede. Ou seja, não dá para emendar uma golada da gelada em outra golada, sem um intervalo ou sem a possibilidade de insatisfação com a temperatura da bebida.

Como eu nasci na Bahia, lamento que no Rio não existam baianas vendendo acarajés na praia como em Salvador. E que os espetinhos de queijo de coalho sejam cada vez mais difíceis de achar nas areias do Rio (uma norma municipal proíbe ambulantes de venderem os espetinhos, se não em engano por causa da brasa). Os quitutes praianos da Bahia também são deliciosos (ainda mais se na sua barraca de praia tiver caranguejo), mas a gastronomia da orla carioca também me agrada bastante.

E na praia da sua cidade, o que a galera come?